terça-feira, 25 de março de 2008

Diários do Rio de Janeiro - Parte semi-final

Diários do Rio de Janeiro

03/03/08

Dormi a viagem toda ao lado de um estranho. Embarquei na hora certa e demorei uns 30 min para dormir. Joguei 1 w11 e logo em seguida capotei. Acordei em JF e depois de perguntar para o estranho se estávamos em JF, prossegui a viagem roncando. Acordei logo antes da rodoviária do Rio. Lá chegando, procurei os caixas do BB e estavam todos fora do ar. Resultado: táxi de 35 até o aeroporto pra sacar grana, e em seguida ir para Santa Tereza. Consegui, depois do cara errar a rua, chegar no hostel, ou albergue, dizem que é a mesma coisa. Esperei por uma hora até o Darci resolver abrir a porta. Toquei umas cinco vezes, somente na última ele abriu. Enquanto esperava estreei meu cachimbo e joguei mais um W11. Cansei de esperar e toquei a campainha umas cinco vezes e ele resolveu acordar, eu acho.

Tomei um banho, pois o sol começava sair e estava ficando com calor. Já estava sem tênis há algum tempo, mas as calças e a camisa começavam a me incomodar. Depois do banho tomei um café com o Darci e fui direto para a ABLC. Dizia o Darci que era perto. Só pegar a rua tal e seguir, ia dar um jeito de chegar, pensei. Cheguei depois de muitas perguntas, e um PM fdp me fez subir um morro a toa, mas consegui chegar. Uns 15 a 20 min de caminhada. Mas a ABLC estava fechada. Toquei campainha e nada. Ninguém atendeu. Fiquei puto, é claro, mas resolvi ir para outro lugar. Voltei pro Hostel e segui rumo ao Arquivo Público do RJ, após um novo banho, é claro.

FiqueI impressionado com a burocracia e a eficiência do Arquivo Público. Uma verdadeira aula de preservação e organização da memória coletiva. Quanto à pesquisa, foi numa boa, achei tudo que precisava e mais alguma coisa. Fiquei no arquivo até umas 16 hs, quando, cansadíssimo, resolvi ir embora para, finalmente, descansar um pouco.

Em Botafogo, vi uma cena pitoresca. Um sujeito meio velho meio novo, fazendo bananeias em frente de todo mundo. O velhinho estava muito feliz, mas aquilo não incomodava nem a ele nem a ninguém que passava pelo local.

Banho

ABLC fechada

Rumo a Botafogo

Metrô

Em Botafogo – o velhinho plantando bananeira

APERJ

Casa Rui Barbosa tem que marcar antes

Voltei

Cansado mas subi a escadaria e as ladeiras

Fotos dos documentos

Almoço – Bonde até o fim – Picanha e outros petiscos

Trabalho – Edição das fotos

RANGO – Carioca, estação do bonde. Peguei o bonde andando, literalmente. Amanhão pulo dele andando também. O rango foi uma peça de picanha, com fritas, corações e aipim frito. E uma bela lingüiça também, para acompanhar uma latinha de skol.

CALABAR – o elogio da traição. A traição como virtude. Não de forma alguma. Brecht e a pátria que precisa de heróis. O que seria a traição? Um simples ato de traição ou então algo impensado? Seria simplesmente abandonar o pai e a mãe e sair de casa ou não? Seria simplesmente o ato de imaginar que você deseja alguém intensamente ou simplesmente adorar uma pessoa? Isso realmente eu não sei nem nunca saberei. Infelizmente. Pois a vida é mais fácil e mais tranqüila para os felizes. Por isso a felicidade me persegue como uma andorinha que voa baixo. Baixo mas perto. Sempre perto, tentando me alcançar mas sem nunca chegar. A felicidade está sempre ao nosso redor. Não adianta tentarmos nos esconder dela. Isso é impossível. Ela sempre nos quer e nós queremos ela. Mas ela nunca chegará se nós não corrermos atrás. Ela só vem quando a gente quer. E a vida é mesmo isso. Chegadas e partidas. Idas e vindas. Mas continuamos sempre... Para frente, isso deve ser uma verdade. Mas andamos rumo ao incerto. Sem rumo, perdidos. Sem pais, sem mães, sem mulheres, homens, mulatos, negros, brancos amarelos. Andamos sem rumo, rumo ao infinto (permito o pleonasmo pois é impossível não comete-lo.) O fim da vida, ou das contas, é sempre o medo. A solidão. Mas sempre ficamos tristes com a possibilidade de partida. Dessa vida ou de outra. Nos ensinaram assim. Infelizmente temos que partir dessa para uma melhor. Ou pior. Ou não. Ou sim. A vida é sempre assim. Triste e contente. Dialética nos termos, mas prática na vida. Ela é assim pois fomos feitos para amar. Todos e uns aos outros, sem medo de sofrer e de magoar, sem medo de fazermos o que queremos sem ligarmos para os padrões e o que a sociedade nos informa. Isso é fato. Digo, mas não sei de nada. Sou apenas um aspirante a poeta como você, ou outra pessoa. Somos assim mesmo, sonhadores, ambiciosos, mas nunca conseguiremos tudo o que queremos. Vinicius. Esse será certamente o nome do meu filho. O primeiro de muitos. Tomara. A vida é assim. Feita de pais e filhos, feita de tensão, tesão. TESÂO. Isso é o que nós queremos. Isso é o que nos faz viver. Dinheiro para que? Podemos caminhar, pensar, cantar, tocar, não tocar, ou simplesmente ficarmos sós. Solidão é algo angustiante, não devo esconder de você. Mas infelizmente é somente sozinhos que resolvemos nossos problemas. Ninguém nunca poderá nos ajudar. Pois somos apenas um homem, ou uma mulher. Ou então somos tudo isso junto, ou separado, sei lá. Somos feitos do pó. Ao pó voltaremos. Tristes ou felizes? Depende de nós. Perdoe-me o chavão, mas é assim que a vida funciona. Se é que realmente sei algo dela, pois sou apenas um jovem. Um jovem como qualquer outro, mas que não sabe que rumo tomar. Por isso, digo-lhe faça o que tu queres, pois é tudo da lei. Depois disso, se morreres, meu caro leitor, se é que tu existes, seremos felizes. Aonde?Em qualquer lugar que não seja aqui. Onde estou, como estou, como faço as coisas. Mas isso são apenas devaneios de um pseudo-poeta, falso moralista, tentativa de professor, historiador de meia-tigela. Mas enfim, fazes o que queres e sejais felizes. Pois a felicidade é um dom que vêm de Jah, ou não. Pode vir de Deus. Por que?

Se deus existe ele mora dentro do seu coração. E é voe quem pode acha-lo, da forma que bem entender. Cada um diz o que pensa. Faz merda. Eu fiz até uma hoje. Literalmente. Mas a vida é mesmo duro. Resta-nos a escolha. Viver ou sofrer. Eu prefiro viver sendo feliz. Quando posso. Quando quero. Quando preciso. Quando não dá pra ser triste. A vida é um grande teatro em que todos somos atores. Atores da Divina Comédia Humana, em que Dante nem existe, desde que você não queira. Tudo depende apenas de uma única pessoa. Você. Eu? Não sou ninguém. Como diria meu xará, aquele que pensa e o chamam de Pensador, eu sou mendigo, indigesto, indolente, vagabundo. Eu sou o resto do mundo. E você o que faz para mudar seu mundo? Cria sereias e bichos imaginárias ou simplesmente não faz nada. Se você consegue ser um desses, eu simplesmente o admiro. Pois que mortal gostaria de trabalhar arduamente de segunda a segunda e ainda ter que escrever essas tristes páginas para desabafar um problema tão comum na vida dos outros. Mas enfim caboclo. Isso faz parte da vida. Viva-a intensamente a cada milhonésimo de segundo, pois ela passa rápida e o motorista não para o ônibus. Ai ai. HAHAHAHAHHAHAHAHAHAH.

A sereia que ainda não achei. Lá embaixo? Será?

Filminho básico. Caçador de pipas! Muito bom.

O cachimbo e os fósforos ruins. O isqueiro não funciona nem a paulada! Merda. Comprei gato por lebre.

Bananas a noite, pra não ter câimbra amanha. Água, muita água e algumas baforadas.

Musica – Tom, Zeca Baleiro e Fagner.

TRABALHO. Leitura dos documentos. Achei o Jefferson Cardim. Foi preso em Ilha Grande, a Ilha do Diabo, como a chamavam. Muito triste a leitura dos documentos. O do Manoel da Conceição foi barra pesada, o cara é muito foda de tar vivo e são até hoje. Amanhã posto o documento no blog.

Quero dormir, vamos ver se consigo daqui a pouco...

Amanhã muito cordel na veia. Recebi a ótima notícia que vai rolar o Curso Livre mesmo. Demorou. Amanha, pra comemorar, muito cordel o dia inteiro, na veia, e também o evento de comemoração dos 90 anos da morte de Leandro Gomes de Barros. Comemorar não, melhor seria dizer celebrar.

Tomara que a ABLC abra suas portas amanhã cedo.

04/03/08

Acordei as 9 hs

Tomei café e já parti para a ABLC cedo.

Passei no hostel

Depois a BN.

16 hs em casa

Buteco do serginho

Cigarro picado ou a varejo?

Bate-papo com nativos do sta. Tereza

O rango com a sandra e sua amiga e o doidão

O papo e o interesse.

Vai rolar?

Um comentário:

Anônimo disse...

Falaí Bill, meu caro.

Impressionante o relato. E mais impressionante ainda é a forma como as pessoas tratam as nossas horas de inspiração... A maioria chama de surto...

E enfim, após alguns anos de remedios e terapias, conseguiram suprimi-los da essência poética que cada um tem no interior - o que muda é em qual parte do interior -, no caso, a minha. Resta a nós, remanescentes de uma geração de poetas, filósofos, bêbados carnantes e doidos varridos, ficarmos imaginando, ou até lembrando, espiritualmente falando; de como é o mundo que o olho comum não enxerga, que o ouvido comum não ouve, e que a língua comum não sente; com a porra do incentivo que é a tal daquela poçãozinha mágica, líquido místico, que liberta o bailarino engarrafado que cada um tem, mas que o que não tem é a coragem de exibi-lo.

Mas ahhh se soubessem qual é o mal que fazem pra arte quando vão ceifando as nossas vezes de sermos loucos!